Você provavelmente já ouviu falar em alimentos e bebidas que despertam a memória afetiva. Isso porque, o conceito se tornou bastante relevante diante de um mundo cada vez mais conectado, ansioso e não-linear.
Segundo um levantamento da OMS, foi registrado um aumento de 25,6% nos casos de ansiedade apenas em 2020. Imediatamente à tal situação, a busca por compensações e afetos cotidianos que remetem a momentos bons cresceu, e com os alimentos não foi diferente.
Isso é explicado quando lembramos que o ato de comer envolve muito mais do que apenas uma necessidade humana. Ou seja, os alimentos são capazes de gerar conexões, além de despertar memórias e emoções.
No artigo de hoje veremos o que é a memória afetiva aplicado a alimentos – e como essa tendência pode ser a chave para o desenvolvimento de um novo produto. Então, continue lendo para entender como aplicar o conceito com diferenciais que seguem as demandas do mercado alimentício e dos consumidores finais.
O que é a memória afetiva aplicada a alimentos e bebidas?
Em suma, quando falamos sobre memória afetiva, nos referimos a gatilhos sensoriais que nos remetem ao passado, seja ele recente ou longínquo. Ou seja, a sensação de nostalgia que é despertada ao entrar em contato com determinados sabores, cheiros e texturas.
Em termos cotidianos, são produtos que resgatam referências do passado e, ao entrar em contato com elas novamente, memórias são despertadas.
Dentro dessa lógica, há grande chance de ser aquele produto que marcou época, se tornando um clássico de um determinado período, ou mesmo sabores que encontrávamos dentro de nossos lares ou nas receitas de pessoas próximas.
De fato, existem inúmeras ocasiões e épocas da vida onde um determinado tempero, sabor, aroma ou textura (ou até a combinação de todos eles) ganha um novo significado. Associados aos momentos de consumo, estes recebem um valor sentimental, que não se pode controlar.
Por exemplo, tradicionais celebrações, como Natal e Páscoa, em geral, proporcionam bons sentimentos ao passo que promovem experiências de conexão mútua entre familiares e amigos.
Sendo assim, os alimentos que acompanham essa experiência se tornam significativos.
Em outras palavras, para além da alimentação por necessidade física, os seres humanos buscam nos alimentos vivenciar experiências que envolvem emoções como amor, carinho, aconchego e prazer.
Desde já, é importante dizer que o alimento afetivo engloba toda uma extensa gama de produtos, tais como bebidas, sorvetes, doces, guloseimas e snacks. Em suma, o sabor, o aroma e a textura são os principais atributos para despertar a memória sensorial.
Por que a relação entre memória afetiva e alimentos é a aposta para os próximos anos?
O termo tem sido usado desde a década de 70 nos EUA, mas encontra-se mais em alta do que nunca e em níveis globais. Isso porque, a tecnologia está transformando a forma como nos relacionamos socialmente e com o mundo.
Por exemplo, a rotina é corrida, estamos conectados a todo minuto e somos bombardeados com informações a todo segundo. Como efeito, o transtorno de ansiedade é considerado o “Mal do Século”, atingindo cerca de 264 milhões de pessoas no mundo, de acordo com a OMS.
Essa relação “pós-moderna” implica que cada vez mais as pessoas busquem por experiências que gerem emoções positivas para equilibrar a equação.
E, justamente por estarem no passado, as lembranças são certas e estáveis, proporcionando segurança, conforto e escapismo.
Logo, é exatamente nesse ponto onde surge uma vasta gama de oportunidades no setor alimentício. Afinal, em um mundo tão incerto e não linear, alimentos e bebidas que despertam memórias sensoriais contribuem para a redução da ansiedade, trazendo bem estar.
Enfim, é sobre a experiência, e não apenas o produto! Mais do que nunca, na busca por celebrar e compartilhar novos momentos com quem mais amamos, o alimento afetivo tem tudo a ver com este período que vivemos.
Mas como isso funciona na prática? A seguir, veja mais sobre o desenvolvimento de produtos que despertam a memória afetiva e alguns insights para lançamentos na área.
Memória Afetiva: 3 aspectos fundamentais para desenvolver um produto nessa base
1. Definição de público-alvo
Em primeiro lugar, a delimitação do público-alvo de um produto ou linha de produtos baseada nos conceitos de alimento afetivo é fundamental.
Tratando-se de um produto que busca despertar uma memória, é possível segmentar o público de acordo com uma determinada geração ou com um determinado período.
Além disso, a faixa etária do target é outro objeto de pesquisa digno de enfoque. Eles podem, por exemplo, elucidar sobre os hábitos alimentares que variam conforme a idade, sexo e até renda, como mostra esse artigo, que relata uma preferência por snacks por parte de jovens, por exemplo.
2. A criação de um diferencial para o “alimento confortável”
Após a delimitação do público, é realizada a pesquisa de marcas, produtos e/ou sabores que foram ícones para esse target específico.
Assim, pode-se reproduzi-los com algum diferencial através de licenciamentos ou cross-category (quando trazemos marcas de outras categorias para a categoria em questão), que costumam gerar ótimos resultados.
Um bom exemplo de desenvolvimento nessa lógica seria descobrir que para um determinado público, que pertence a determinada geração, a “bala x da empresa y” fez grande sucesso.
Portanto, uma releitura dessa bala ou um produto em outra categoria (cross-category) como um sorvete feito com o mesmo perfil de sabor, cria esse diferencial e tem maior potencial de sucesso dentro desse público.
Além disso, caso “a marca x” ainda exista e seja possível o cross-branding (trazer outra marca para dentro da sua marca), é possível desenvolver, por exemplo, o sorvete sabor “bala x da empresa y”. Assim sua aceitação é potencializada, assim como o poder do marketing.
Como citamos anteriormente, há uma crescente busca por alimentação nutritiva, geralmente atribuída a um estilo de vida mais saudável.
Sabendo disso, outro diferencial que pode ser implementado é a adição de nutrientes específicos, sem alterações de sabor, textura e aroma.
É aí que entram os nutrientes, proteínas vegetais e proteínas do leite, vitaminas, aminoácidos, fibras, minerais, dentre outros. Dessa forma, é possível integrar a alta demanda por alimentos saudáveis com sabores e aromas agradáveis ao consumidor final.
3. Marketing de Nostalgia para despertar memórias em alimentos e bebidas
A comunicação entre os times de Marketing e Pesquisa e Desenvolvimento deve ocorrer a fim de aliar a demanda do público (por alguma determinada época ou momento) a uma campanha que remeta ao período escolhido. Dessa forma, é possível garantir um bom desempenho.
Aqui vale citar o Marketing de Nostalgia, que trabalha exatamente com o conceito de introduzir uma ideia nostálgica. Ele pode tanto abranger o público que já está familiarizado com o item, como também despertar o interesse daqueles que ainda não o conhecem.
De fato, é fácil perceber, nas gôndolas de supermercados, alimentos com embalagens retrô, por exemplo. Além disso, nem sempre são de marcas “tradicionais”, mas trabalham tão bem a imagem que vendem a ideia de que são, trazendo estabilidade para o consumidor.
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Por fim, já vimos a importância do alimento afetivo especialmente para o momento que vivemos, as possíveis maneiras de se inovar na área (releituras, cross-category e adicionando nutrientes, proteínas, opções vegetarianas, etc.) e como desenvolver o seu produto.
Portanto, não se trata apenas de relançar um produto clássico, mas trazer um diferencial a ele, como novas apresentações de um sabor afetivo, além de nutrientes.
Assim conseguimos despertar a memória desse público consumidor ao mesmo tempo em que nos adequamos aos seus gostos atuais. Acima de tudo, lembre-se de sempre responder às demandas do público-alvo.
Além de um time especializado em Inteligência de Mercado e desenvolvimento de produto, a Doremus possui toda estrutura para criar, do zero, uma solução personalizada que abrange sabor, aroma e nutrição.
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