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Requeijão com textura arenosa: como evitar e corrigir?

 

O requeijão com textura arenosa é um dos principais desafios para a indústria de laticínios. Esse problema afeta diretamente a aceitação do produto no mercado.

Mais do que um simples defeito sensorial, esta característica compromete a experiência do consumidor e causa uma sensação granulada e desagradável na boca.

Por isso, neste segundo artigo da série “Análise dos Principais Defeitos em Queijos Processados: Causas e Soluções”, compreenda o requeijão com textura arenosa. 

Aprenda desde as causas até estratégias práticas para corrigir e evitar na produção, além de como selecionar os ingredientes e controlar as etapas de processamento. 

Confira o primeiro texto da série e saiba como evitar a textura de pudim em queijos processados.

 

Principais causas para a Textura Arenosa em Requeijões

A origem do problema está geralmente relacionada a fatores físico-químicos da formulação e do processamento, como:

  • A cristalização de sais minerais;
  • Escolha inadequada de ingredientes; 
  • Condições de fusão; 
  • Estocagem mal controlada.

 

Requeijão com Textura Arenosa: 4 Erros Técnicos e Como Corrigir 

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1. Formação de Cristais de Fosfato de Cálcio

Ocorre por excesso de fosfatos e exposição prolongada da massa a temperaturas elevadas — geralmente acima de 90 °C. Essa cristalização é lenta e contínua (tende a se intensificar com o armazenamento inadequado).

Solução: 

  • Utilizar polifosfatos de cadeia longa: eles são mais eficientes na complexação do cálcio e para reduzir a tendência de cristalização.
  • Resfriar rapidamente após a fusão: minimiza a formação de núcleos cristalinos.
  • Armazenar entre 4 e 8 °C: temperaturas mais altas aceleram a recristalização com o tempo.

 

2. Uso de Queijos Pré-Fundidos com Defeitos

Mesmo em pequenas quantidades, os queijos pré-fundidos com textura arenosa ou instabilidade proteica conseguem atuar como “sementes” de cristalização e transferir o defeito para o requeijão final. 

Solução:

  • Evitar matérias-primas com defeitos de textura: um rigoroso controle sensorial e físico-químico na seleção do queijo base atua para garantir a homogeneidade.

 

3. Dissolução Incompleta dos Sais Fundentes

Para que o requeijão não fique com textura arenosa, sais como fosfatos e citratos devem estar bem dissolvidos. Eles são essenciais para solubilizar as proteínas e emulsificar a gordura. Se mal dissolvidos, formam partículas sólidas que podem simular cristais.

Solução: 

  • Selecionar sais de alta solubilidade: compatíveis com o pH e a temperatura da formulação.
  • Aplicar sais em solução: dissolver previamente em água melhora a dispersão e a estabilidade. 

 

 

4. Uso de Concentrado Proteico de Soro (WPC)

Na produção de requeijão, o WPC (concentrado proteico de soro), embora funcional e nutritivo, exige atenção: ele é sensível ao calor e à pressão.

Sob condições intensas (vapor elevado e agitação forte), há desnaturação proteica e formação de partículas insolúveis — o que resulta em textura arenosa.

Solução: 

  • Reduzir o teor de WPC: sempre que possível, fazer a substituição parcial por proteínas mais estáveis.
  • Operar com pressão de vapor entre 1,5 e 2,0 bar: minimizar o estresse térmico.
  • Combinar WPC 34 com MPC: misturar com caseína micelar (MPC) oferece maior estabilidade térmica e benefícios sensoriais. A combinação do WPC 34 com MPC melhora a solubilidade, reduz caseínas livres e forma uma rede proteica coesa. Os ganhos incluem:

o   Maior tolerância ao calor;

o   Redução da sinérese;

o   Melhor brilho e textura cremosa;

o   Estabilidade em versões light com baixo teor de gordura.

 

  • Hidratação adequada do sistema proteico em pó adicionado: evita comprometer sua funcionalidade e gerar grumos insolúveis na fusão. Para isso, algumas recomendações:
  1. a) Hidratar separadamente em água fria ou morna (máx. 40 °C): por pelo menos 30 minutos, idealmente 1 a 2 horas.
  2. b) Promover agitação leve: certificando completa solubilização antes da adição ao blend.

 

requeijão com textura arenosa em pote cinza

 

  • Ordem de adição dos ingredientes: garantir a dispersão de proteínas e a emulsificação da gordura. Com isso, sugerimos:
  1. a) Adicionar parte da água, sais fundentes, massa base e fração do creme.
  2. b) Iniciar o aquecimento com agitação leve até a fusão completa.
  3. c) Adicionar o sistema proteico lentamente sob agitação controlada.
  4. d) Evitar misturas muito concentradas ou adições bruscas.

 

  • Controle de temperatura e agitação: impedir alterações na estruturação proteica.

o  Manter aquecimento gradual até 85 °C com agitação constante, mas moderada

o Evitar variações bruscas e agitação excessiva, que causam desestabilização

 

  • Evite a injeção direta de vapor: por cautela, investir no pré-aquecimento da mistura antes da injeção direta para maior uniformidade térmica. A injeção direta de vapor pode causar choques térmicos localizados e levar à desnaturação abrupta de proteínas. 

 

Qualidade e Sabor: Nossa Equipe Resolve o Requeijão Arenoso

requeijão arenoso em um pote marrom

 

Como vimos, a textura arenosa no requeijão processado é um problema multifatorial, causado pela interação entre formulação, matérias-primas e condições de processo. A boa notícia é que, com conhecimento técnico e ajustes simples, é possível eliminar ou prevenir esse defeito.

Ações críticas para garantir textura cremosa, estabilidade e aceitação sensorial são: selecionar sais fundentes adequados, controlar a hidratação das proteínas, respeitar a ordem de adição dos ingredientes e regular temperatura e agitação.

Se você enfrenta o desafio do requeijão com textura arenosa na sua linha de produção, nossa equipe está pronta para ajudar. Fale com nossos especialistas e conheça as soluções em sistemas de estabilização, sais fundentes e ingredientes funcionais sob medida para sua necessidade. 

Com a Doremus, você transforma desafios em acertos — e garante um requeijão com textura perfeita.

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